Igreja
Carlos: Ah! Mais uma noite – a droga acabou, o dinheiro também (trovões e relâmpagos), além do que com esta chuva, não encontrarei ninguém nas ruas! Vejo que passarei a madrugada sem “nenhum” para cheirar ou fumar. Não posso dormir, dormir já não posso, o efeito do que usei já acabou, e sinto que tem alguém ou alguma coisa aqui, dentro do quarto comigo (os rapazes de branco se acercam mais do jovem, erguendo os braços em sua direção, sem deixar de focar suas lanternas nele, que não demonstra os estar vendo. Vão se afastando novamente durante o próximo monólogo de Carlos. É sempre assim – sempre que acaba o efeito das drogas, vejo vultos a me perseguirem, a me assombrarem (se aproximam novamente, erguendo novamente os braços, dizendo: Uh! Uh! Se calam e se afastam novamente) e só passam quando eu consigo algum. Só resta a ilusão de conseguir algo para cheirar ou fumar, e este terror afastar. Só a ilusão!
Um jovem vestido de branco, ilumina seu próprio rosto com a luz da lanterna que ele mesmo segura na linha da cintura. Neste momento, todos param de girar, se deslocam para as laterais, iluminando sempre o jovem do centro, que assustado salta, ficando de pé no divã e gritando assustado para o rapaz de branco:
Carlos: Quem é você? Como chegou aqui?
Ilusões: Você me chamou!
Carlos: Ta maluco? Eu não chamei ninguém!