Idéias mercantilistas
* As origens das primeiras formulações propriamente mercantilistas estão associadas a duas ordens de fatores: a chamada herança medieval e o conjunto de transformações que caracterizam, nos séculos XV/XVI, o inicio dos tempos modernos. Neste seu primeiro momento a ideologia mercantilista denota claramente a coexistência de dois tipos de discurso, os quais, para simplificar, chamaremos de “medieval” e de “moderno”, respectivamente. * O chamado “fundo medieval” é constituído por todo o conjunto de idéias e praticas econômicas, típicas das comunas medievais, que caracterizam a economia urbana. Regulamentando as atividades mercantis e artesanais, em seus múltiplos aspectos, as autoridades municipais desenvolveram uma serie de práticas intervencionistas retomadas, ainda no século XV, por alguns monarcas que logo trataram de aplicá-las no âmbito político-econômico mais vastos de seus Estados. A política que era adotada em relação aos produtores rurais e que visava assegurar aos habitantes da cidade um abastecimento de alimentos que fosse ao mesmo tempo abundante e barato, traduzindo-se, na realidade, pela fixação de preços máximos para os produtos agrícolas (enquanto os artigos da indústria artesanal eram protegidos por preços mínimos). * Ao nível do discurso, esses antecedentes medievais estão marcados pelas concepções escolásticas, sempre mais ou menos reticentes a de atividades dominadas pela busca do lucro. Não é por acaso que os texto escolásticos põem em relevo a idéia do justo preço e condenam a usura já que o “dinheiro não pode produzir dinheiro”. A mudança de perspectiva a esse respeito, observável já no final da Idade Média nos escritos de Buridan e Oresmius, quando se privilegia cada vez mais a utilidade dos bens, traduz certamente uma atitude mental em estreita relação com as transformações econômicas e sociais então em