Ideologia
O conceito de ideologia surgiu como parte de uma tentativa de desenvolver os ideais do Iluminismo no contexto das revoltas sociais e políticas que marcaram o nascimento das sociedades modernas. Em 1796, o filósofo francês Destutt de Tracy criou o termo “ideologia”, que definiu como uma nova ciência que estaria interessada na análise sistemática das ideias e sensações, já que, segundo ele, não é possível conhecer as coisas em si mesmas, mas apenas as ideias formadas pelas sensações que temos delas. Ideologia deveria, pois, ser “positiva, útil e suscetível de exatidão rigorosa” e, genealogicamente, seria a “primeira ciência”, pois todo o conhecimento científico envolveria a combinação de ideias. Através de uma análise cuidadosa destas e das sensações, tal ciência possibilitaria a compreensão da natureza humana e, consequentemente, a reestruturação da ordem social e política de acordo com suas necessidades e aspirações.
Devido ao fato de Tracy estar intimamente ligado à política do republicanismo, Napoleão Bonaparte, ao subir ao poder em 1799, sentiu suas ambições autocráticas fortemente ameaçadas e, assim, ridicularizou as pretensões da “ideologia”, caracterizando-a como sendo uma doutrina especulativa abstrata, que estava divorciada das realidades do poder político.
Desse modo, a Ideologia como ciência positiva e eminente, direta e explícita, digna do mais alto respeito, gradualmente deu lugar a uma ideologia como ideias abstratas e ilusórias, implícita e oposicional, digna apenas de desprezo.
Marx, por sua vez, pode ser considerado como a figura mais importante na história do conceito de ideologia, mesmo não sendo o criador do termo. Porém ele o emprega de maneira casual e aleatória, onde a própria ambiguidade do conceito é responsável pelos debates contínuos a respeito do legado de seus escritos. A ideologia adquiriu um novo status como instrumental crítico e como componente essencial de um novo sistema teórico através do qual Marx oferece