Ideologia
A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO
Paul Sweezy
Maurice Dobb
O DEBATE SOBRE A TRANSIÇÃO
UMA CRÍTICA – Pag. 39
Paul Sweezy
DEFINIÇÃO DE FEUDALISMO PARA DOBB
Dobb define o feudalismo como sendo "virtualmente idêntico com o que usualmente se entende por servidão: uma obrigação imposta ao produtor pela força, independentemente de sua vontade, no sentido de cumprir certas exigências econômicas de um senhor, quer sob a forma de serviços a serem prestadas ou de tributos a serem pagos em dinheiro ou espécie" (p.35). Atendo-se a esta definição, Dobb usa no livro todos dois termos, "feudalismo" e "servidão", como praticamente intercambiáveis.
Parece-me que esta definição é falha, ao não identificar um sistema de produção. Alguma forma de servidão pode existir em sistemas que nada tem de feudal; e mesmo como relação dominante de produção, a servidão tem estado associada com diferentes formas de organização econômica em diferentes épocas e em diferentes regiões.
1) "baixo nível técnico, no qual os instrumentos de produção são simples e em geral baratos, e o ato de produção é em grande parte de caráter individual; a divisão de trabalho... se encontra em grau de desenvolvimento muito primitivo";
2) "produção para atender as necessidades imediatas da família ou da comunidade aldeã, e não para um mercado mais amplo";
3) "agricultura dominial: cultivo das terras do senhor, às vezes em grande escala, mediante trabalho compulsório";
4) "descentralização política";
5) "detenção condicional da terra em troca de algum tipo de serviço para o senhor";
6) "exercício, por parte de um senhor, de funções judiciais ou quase judiciais em relação à população dependente".
Dobb refere-se a um sistema com essas características como sendo a forma "clássica" de feudalismo, mas seria menos ambíguo dizer que se trata de forma típica da Europa ocidental. O fato de que "o modo feudal de produção não se restringia a essa forma clássica" é,