Ideologia na idade media

1. Concepção de natureza na Idade Média
A concepção ideológica da Idade Média associava-se diretamente aos postulados teológicos que surgiram inicialmente com Santo Agostinho (354-430), que, a partir dos princípios estóicos, gnósticos, maniqueus e neoplatônicos, criou a fundamentação da fé cristã. Mais tarde, no século XIII, Tomás de Aquino (1225-1323) completaria essa jornada filosófica ao associar os postulados aristotélicos à concepção cristã de realidade. Por isso, a lógica do que era natureza era própria e dimensionava-se a partir da ideologia cristã.
Os fundamentos lógicos de Tomás de Aquino, nascidos da alteração dos princípios aristotélicos associados à ideologia cristã de então, representaram um processo político de manutenção do poder para a Igreja, já que a mesma sentia-se ameaçada pelo crescente movimento dos chamados dialéticos. Os dialéticos eram constituídos por parcela da nobreza que, em contato com o Oriente, devido às Cruzadas, encantou-se com os ensinamentos aristotélicos.2 Cabia a Tomás de Aquino trazer de volta ao rebanho essa parcela da população que incomodava os poderosos de então.
Dentro dessa lógica e a partir da concepção cosmológica aristotélica, nasce a ciência e a cosmologia da Idade Média. A cosmologia medieval era geocêntrica, o que representava a perfeição divina do universo criado por Deus para servir ao homem, onde as estrelas descreviam movimentos perfeitos e o Cosmos era sólido, estacionário, finito e esférico. Nessa cosmologia, as estrelas passavam a uma equidistância da Terra, pois a abóbada celeste fixava as estrelas do universo, o qual era dividido em duas áreas: a zona celestial (supralunar) e a zona terrestre (sublunar) (Pepper, 1996).
Devido à sua perfeição, os corpos celestes se moviam em órbitas em torno da Terra, com velocidades constantes. Mas, nas regiões terrestres, as coisas, por serem imperfeitas, se moviam ao acaso ou em linhas retas; contudo, isso não acontecia com os corpos celestes, que não mudavam