Identidade sonora

1 O princípio ISO Em seu artigo The Past, Present and Future of Music Therapy, Altshuler cita alguns avanços na prática musicoterápica a partir de suas experiências no Eloise Hospital. A premissa básica é que a música tem o potencial de afetar diretamente o estado mental dos pacientes, tendo uma vantagem estrutural frente à intervenção da fala, p. ex., uma vez que não depende da racionalização e do sentido. Segundo o autor, a música afeta diretamente núcleos mais primitivos do sistema nervoso, onde não pode haver resistências intelectuais, tendo, portanto, um espectro de ação mais amplo e ao mesmo tempo mais sutil. Altshuler aposta numa compreensão da "fisiologia da música" que afirma que o processamento musical do cérebro se dá em uma série de estruturas (hipotálamo, tálamo e cerebelo) antes de atingir o telencéfalo. A música não depende então de centros cognitivos superiores para que sintamos seus efeitos, pelo contrário, ela invade esses centros por caminhos mais primitivos. É fácil constatar esses efeitos quando ouvimos uma música e mesmo involuntariamente começamos a bater o pé ou mexer a cabeça - a isto dá-se o nome de reflexo talâmico. Obtemos assim uma forma de comunicação com o mundo exterior preciosíssima, pois seu funcionamento não é interrompido pela doença mental. Os relatos clínicos de Oliver Sacks, neurocientista inglês, estão repletos de exemplos de casos semelhantes onde são discutidas as possíveis causas e consequências desta suscetibilidade humana à música. (SACKS, 2007) Entretanto, para podermos utilizar essa vantagem, segundo Altshuler, uma abordagem especial precisa ser usada. Aqui entra a "manobra ISO" ou princípio ISO. ISO aqui significa "igual", e diz respeito por um lado à maior facilidade que o paciente tem de responder a músicas que estejam o mais próximo possível do seu estado emocional, e, por outro lado, à necessidade do terapeuta de usar tais músicas para que suas intervenções tenham maiores efeitos. Leva-se em conta aqui