Identidade cultural
Fernando Alberto Torres Moreira
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
“A identidade, sendo diferença, não implica oposição e, por isso, nada tem de necessariamente anti-universal” (Almeida 24)
1. “Ao longo da vida, a nossa identidade vai-se alargando (deve alargar-se) para o universal. Mas todo o universal tem o seu chão” escrevia Onésimo Teotónio de Almeida no ano ido de 1995. Pois bem, é desse chão, dessa mancha original que nenhuma água lava que pretendemos falar. Fazemo-lo num momento em que a emergência de uma cultura à escala global se vai apresentando como um facto irreversível cada vez mais consolidado, potenciado que é pelo contacto intenso e incontornável entre culturas diferentes mais ou menos distantes entre si. Neste quadro perguntamo-nos se as culturas de pequenos países, como é o caso de Portugal, poderão sobreviver e manter os seus traços distintivos que as consagram como tais e, de modo mais particular, como reage a cultura portuguesa ao fenómeno da globalização?
Antes de prosseguirmos assentemos, como ponto de partida, em duas definições básicas de cultura e globalização que nos permitirão ancorar a nossa reflexão:
Para António José Saraiva, cultura é “todo o conjunto de actividades lúdicas ou utilitárias, afectivas e intelectuais que caracterizam, especificamente, um determinado povo” (11)
Já para o sociólogo alemão Ulrich Beck ao termo globalização estão associados e identificados processos que têm por consequência a subjugação e a ligação transversal dos estados nacionais e a sua soberania através de actores transnacionais, as suas oportunidades de mercado, orientações, identidades e redes.
Se estabelecermos que a identidade cultural é algo que permite a cada indivíduo reunir-se emocionalmente e afectivamente a um grupo, ao qual se sente pertencer, ou reconhecê-lo como estranho, afastado ou incompatível com a sua própria