IDENTIDADE BRASILEIRA NA MODA
Dener e a ex-primeira-dama Maria Teresa Goulart
No Brasil, a década de 60 começa em crise econômica, gerada pelo desenvolvimento rápido, sustentado através de grandes emissões de dinheiro e de empréstimos externos, o que desencadeou um processo inflacionário que levaria, somados a outros fatores, ao Golpe Militar de 1964.
Fazem parte do panorama desta década o acelerado desenvolvimento tecnológico, sobretudo nos meios de comunicação. Mundialmente, segundo Gontijo, percebe-se uma internacionalização dos processos culturais e dos movimentos sociais, havendo uma busca por desarmamento, desenvolvimento e descolonização.
Para o pesquisador Carlos Dória, o futebol, a música e a moda fariam o espetáculo desta década.
No âmbito da moda, Alceu Penna teoriza em setembro de 60 sobre formas de emplacar definitivamente a moda brasileira:
Na estação em curso, a moda está se inspirando em trajes de Espanha, nas listras indianas e nas de Marrocos. Em grande evidência, o bordado Inglês. Ora, por que o bordado Inglês? E por que não o do Ceará? Por que Espanha, Índia, Marrocos e não o Brasil? Até onde uma linha de inspiração brasileira poderia influenciar a moda internacional? Uma linha de expressão brasileira? Teríamos que descobrir algo que fosse de atualidade e, ao mesmo tempo, adaptável às novíssimas tendências da moda. Algo como… café!’.
Para o célebre desenhista a nova coleção teria, portanto, as cores das sementes, flores e dos frutos do café em tons vermelho-escuro, verde-vegetal e marrom.nos estampados, estilizações deveriam sugerir moendas, cestos e peneiras, feitas por artistas como Ademir Martins, Volpi, Darcy Penteado, Heitor dos Prazeres, Milton Dacosta, Lívio Abramo, Maria Bonomi e tantos outros. Modelagem? Dener, Jacques Hein. Jóias, Burle Marx. Chapéus, Madame Rosita. ‘
E para divulgar essa linha’, prosseguia Alceu, ‘era necessário ocupar o coração da capital da moda, Paris. Manequins brasileiros fotografados pelas ruas