Ideias mercantilistas
O mercantilismo, defendido e desenvolvido sobretudo pelo estadista Jean-Baptiste Colbert, em França, no século XVII, é um sistema de unificação económica e social que se baseia nos monopólios estaduais e nas sociedades por acções. É também um sistema político que contribuiu para enaltecer o Estado através do fortalecimento económico conseguido com a acumulação de riqueza (moeda e metais preciosos), e que permitiu a expansão das actividades agrícolas e industriais e das relações comerciais com as colónias e outros Estados. Em Portugal, o mercantilismo foi, acima de tudo, uma fórmula de política económica teorizada a posteriori. Contrariamente às ideias difundidas, esta doutrina não se define unicamente pela manutenção de saldos favoráveis em relação ao comércio externo, sendo uma realidade bem mais complexa. Se assim fosse, Portugal teria sido um país com preocupações mercantilistas desde a Idade Média, quando os reis tentavam equilibrar os saldos monetários - lembremos que em finais do período medieval se verifica uma grande carência de metais preciosos, o que justificaria ainda mais este tipo de medidas financeiras. Em Portugal, as doutrinas mercantilistas assumiram contornos muito próprios em consequência da vida nacional, como sejam a comparticipação da classe nobre nas actividades mercantis e a grande dependência face ao exterior, muito marcada a partir de meados do século XVII. A doutrina veiculada em Portugal afasta-se dos escritos de teóricos europeus como António Serra, Thomas Mun ou Carl Davenant.Um dos primeiros autores que revelam este tipo de preocupações é Luís Mendes de Vasconcelos. O seu livro Do Sítio de Lisboa (1608) acusa a sua apreensão pelo estado do reino, apontando algumas medidas essenciais para o fortalecimento da economia, nomeadamente a defesa da expansão da marinha mercante e a necessidade de garantir o auto-abastecimento do país, fundamentado no desenvolvimento da produção interna e na limitação