Ideias implícitas
Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido
Como uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer
Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer.” (Lulu Santos)
1. Os implícitos
Será que todos os textos podem ser lidos da mesma maneira? É claro que em um sentido bem básico, só existe uma maneira de ler um texto: decifrar os sinais (letras, imagens...) que o constituem.
Acontece, porém, que será frequente, na sua vida de leitor, encontrar textos em que nem tudo que importa para a compreensão esteja neles registrado. Em outras palavras, há textos em que o que não foi escrito também deve ser levado em consideração para que ele possa compreendê-lo, ou seja, é necessário que se leia os implícitos do texto.
Implícito: é algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é deixado subentendido, é apenas sugerido. Quando lidamos com uma informação que não foi dita, mas tudo que é dito nos leva identificá-la, estamos diante de algo implícito. A compreensão de implícitos é essencial para se garantir um bom nível de leitura. Em várias ocasiões, aquilo que não é dito, mas apenas sugerido, importa muito mais do que aquilo que é dito abertamente. A incapacidade de compreensão de implícitos faz com que o leitor fique preso no nível literal do enunciado, aquele em que as palavras valem apenas pelo que são, não pelo que sugerem ou podem dar a entender.
Ex1: “Frequentei as aulas de pintura, mas aprendi algumas coisas.”
Explicando: O falante transmite duas informações de maneira explícita:
a) que ele frequentou as aulas de pintura;
b) que ele aprendeu algumas coisas. Ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também, de modo implícito, sua crítica às aulas de pintura, pois passa a transmitir a ideia de que pouco se aprende nessas aulas.
Ex2: “Conheço muito bem os políticos de hoje.”