Humus
RAÚL BRANDÃO (1867- 1930) é o grande modernista português na prosa de ficção, integrando uma dimensão simbolista de tentativa de transposição de uma realidade aparente e perceptiva para obter uma transcendência ou absoluto que a escrita formula. É no romance Húmus, 1917, que melhor explora a dimensão larvar da pequenez humana, encenando a tragédia da luta da «vila» pelo seu «sonho», e utilizando processos de desconjuntamento do tempo narrativo que antecipam o trabalho discursivo da ficção de hoje. Na mesma linha compôs várias peças de teatro. Em Húmus, obra-prima de Raul Germano Brandão, manifesta-se um sentimento de revolta individual devido à sensação de desagregação de valores e à atmosfera de inconformidade geral diante de um quadro de miséria, injustiça e inconsequência. O narrador- personagem sente-se impotente frente à realidade na qual o homem é coisificado. Na tentativa de reverter o estado de degradação, Húmus introduz o sonho de uma vida autêntica em que a dor e a morte possam ser atenuadas por um sentimento religioso, traduzido pela possibilidade de intervenção do Absoluto. É desta forma que Húmus instaura uma reflexão metafísica sobre os insolúveis enigmas que cercam a existência humana, ao mesmo tempo egocêntrica e solidária. O desespero instaura-se num ser dividido entre essência e aparência. (TOFALINE, 2008)
O Simbolismo floresceu, na Europa, nos anos 80 e 90 do século passado.
Na mesma época em que os pintores impressionistas iniciavam a diluição dos contornos dos objetos nos jogos de luz, os poetas simbolistas renunciavam à tradução da forma fixa do objeto em favor do ritmo do devir, da fugacidade do momento. (CADEMARTORI, 1985)
A seguir segue as características simbolistas presente na obra Húmus: * “Buscavam a expressão de algo que escapa a uma forma definida e não é abordável por um caminho direto.” (CADEMARTORI, 1985) * “Gosto pela religiosidade e