Humano para progresso
Tiago de Freitas Lopes
Resumo
Com o desenvolvimento das biotecnologias, surge uma nova forma de se pensar o ser humano, a relação com sua dignidade humana e com o universo: o pós-humano. Este artigo, a partir de autores que discutem o assunto, entre eles. Habermas, L. Pessini, F. Fukuyama, G. Aganbem entre outros, procura colocar em evidência o tema do pós- humano, discutindo suas ameaças e oportunidades. Em um primeiro momento, é discutido o sentido de ser humano a partir da modernidade e apresentado o conceito de pós-humanidade através do olhar multidisciplinar das ciências. Em seguida, são apresentadas, em dois tópicos, as ameaças e oportunidades da leitura do pós-humano seguido de uma leitura da antropologia teológica. Conclui-se, portanto, que há benefícios consideráveis do pós-humano, principalmente ampliando os horizontes da abertura humana: homem-mundo-tecnologia, e que a teologia, pelo viés antropológico, pode dialogar positivamente com o pós- humano.
Palavras chave: Pós-humano. Antropologia Teológica. Ser humano-mundo-tecnologia.
Introdução: A concepção do ser humano a partir da modernidade e o conceito de pós-humanidade
“O homem é a única criatura que se recusa ser o que ela é” (Albert Camus)
A concepção de humanidade proposta na modernidade trouxe consigo uma releitura do tema da dignidade do homem. Segundo Vaz (2006), “é o agir, o operari, a capacidade de transformação de seu mundo que passa a ser o indício incontestável da superioridade do homem” (VAZ, 2006, p. 69). Dessa maneira, a antropologia da renascença propõe uma ruptura e uma transição: “ruptura com a imagem cristã- medieval do homem e a transição para a imagem racionalista que dominou os séculos XVII e XVIII” (VAZ, 2006, p.70). Com R. Descartes, argumenta Vaz (2006, p.71-72) é que esta antropologia racionalista desenvolve-se amplamente, invertendo a ordem tradicional do saber