Humanismo
A prosa doutrinária servia fundamentalmente à educação da fidalguia, com o sentido de orientá-la no convívio social e no adestramento físico para a guerra, sendo escrita, sobretudo por monarcas. O culto do esporte, principalmente o da caça, ocupava o primeiro lugar nessa pedagogia pragmática.
As virtudes morais também eram lembradas e enaltecidas, sempre visando a alcançar o perfeito equilíbrio entre a saúde do corpo e do espírito.
Com o aumento de interesse pela leitura, houve um significativo e rápido crescimento da cultura com o surgimento de bibliotecas e a intensificação de traduções de obras religiosas e profanas, além da atualização de escritos antigos. Esse envolvimento com o saber atingiu também a nobreza, a ponto de as crônicas históricas passarem a ser escritas pelos próprios reis, especialmente da dinastia de Avis, com os exemplos de D. João I, D.Duarte e D. Pedro.
Essa produção recebeu o nome de doutrinária, porque incluíam a atitude de transmitir ensinamentos sobre certas práticas diárias, e sobre a vida.
Entre as numerosas obras moralistas aparecidas durante o século XV, consoante o sentimento de euforia trazido pelos descobrimentos, destacam-se as seguintes:
Livro da Montaria, de D. João I, em que se ensina a caça ao porco montês, considerado o desporto ideal para a fidalguia; Leal Conselheiro e Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, de D. Duarte: na primeira, recopila e adapta com independência e novidade reflexões filosóficas e psicológicas de várias e contraditórias fontes, desde Cícero até S. Tomás de Aquino; na outra, faz a apologia da vida ao ar livre, mas não se esquece de exaltar as virtudes do espírito, especialmente a vontade;
O Livro da Virtuosa Benfeitoria, do Infante D. Pedro, o Regente (nascido em 1392 e morto em 1449, na batalha de Alfarrobeira, era filho bastardo de D. João I), contém a tradução e adaptação da obra De Beneficiis, de Sêneca, realizada com a'ajuda de Frei João Verba, e que trata das