Horizonte - F. Pessoa
Faculdade de Letras Clássicas e Modernas
Departamento de Estudos Ibero-Americanos
Filologia Portuguesa
Disciplina: Literatura Portuguesa – Simbolismo e Modernismo
HORIZONTE
Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mysterio,
Abria em flor o Longe, e o Sul siderio
'Splendia sobre as naus da iniciação. Linha severa da longínqua costa -
Quando a nau se approxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe, a abstracta linha. O sonho é ver as formas invisíveis
Da distancia imprecisa, e, com sensiveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte-
Os beijos merecidos da Verdade.
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido comoFernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Mensagem é um livro do poeta , publicado ainda em vida. Composto por 44 poemas, foi chamado pelo poeta de "livro pequeno de poemas". No universo poético de Fernando pessoa, a Mensagem foi o seu único livro que não teve como tema o próprio EU do poeta mas sim a nação portuguesa que ele via mergulhada num profundo negativismo e marasmo. O poema Horizonte encontra-se na segunda parte da Mensagem: o “Mar Português”, onde Pessoa fala da História dos Descobrimentos.
O título do poema Horizonte evoca um espaço longínquo que se procura alcançar, funcionando, assim, como uma espécie de metáfora da procura, como um apelo da distância, do “longe”, à eterna procura dos mundos por descobrir e simboliza a verdade do conhecimento.
O horizonte é símbolo do indefinido, do longe, do mistério, do desconhecido, do mundo a descobrir, do objectivo a atingir. O texto