Horas Mortas Cesário Verde
Nesta estrofe há um forte desejo de mudança. O desejo de sair do meio onde se encontra, citadino, devido ao seu sentimento de limitação que sente no mesmo, onde se sente triste.
O tecto fundo de oxigénio, de ar,
O tecto fundo sugere-nos a limitação física do local, ao mesmo tempo essa limitação é ilusória, pois o tecto é composto de ar
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras;
As trapeiras eram prisioneiras desse tecto ilusório, dessa limitação. Trapeiras que são sinónimo de luz ou seja alegria.
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras,
Há uma tristeza enorme devido a esta prisão, desta limitação daí as lágrimas, as lágrimas, com olheiras que representam o cansaço desta situação, a fadiga da realidade citadina.
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.
Este cansaço origina a vontade de mudar. Surge uma esperança de que tudo muda.
2ª: Nesta segunda estrofe há uma descrição dos edifícios e construções existentes na cidade que o impressionam. (Há uma consciência das desigualdades sociais). Há também algumas coisas que o espantam como o parafuso que cai, taipais, fechaduras e os olhos dum caleche.
Por baixo, que portões! Que arruamentos!
Um parafuso cai nas lajes, às escuras:
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras,
Descrição de uma impressão; da impressão da beleza artificial das construções modernas. Porém, o parafuso cair nas lajes, retracta a fragilidade dessa mesma beleza.
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.
Os olhos do caleche (carruagem) representam aqui a malvadez, a crueldade, o mal na forma pura, que espreita na mais simples coisa – dentro do espaço da cidade.
Taipais - Armação de ripas para fazer uma parede de taipa.
Anteparo ou grade que forma os lados de uma carroça ou caminhão
Portas de grades de algumas casas comerciais.
Armação de madeira que serve de molde nas construções de concreto ou cimento armado.
3ª:
Nesta estrofe há novamente uma descrição da cidade e aparece também a saudade e vontade de