Homofobia
SÍNTESE
Nossa sociedade não é apenas heterossexual, mas marcadamente heteronormativa. E a heteronormatividade da organização social fundamenta-se em falsos pressupostos de naturalização das práticas heterossexuais e no caráter desviante de outras práticas, e esse falso pressuposto da anterioridade do sexo á cultura pode ter implicações éticas significativas para a promoção da diversidade sexual na educação. Apesar de haver uma relação de proximidade entre o silêncio sobre a diversidade sexual, a heteronormatividade e a homofobia, esses são três fenômenos sociais diferentes, pois a heteronormatividade se sustente em grande parte na naturalização da família heterossexual e patriarcal. Embora, possa ser explicado com base na hegemonia da heteronormatividade nos discursos, o silêncio sobre a diversidade sexual nos livros didáticos não é o mesmo que homofobia.
As definições de casamento presentes nos dicionários permitem associar o modelo da família patriarcal á sacralidade, referendando a sua legitimidade na religiosidade. Enquanto para designar as práticas sexuais e afetivas que não são heterossexuais os dicionários insistem na terminologia patológica. Os verbetes dos dicionários tomados como exemplos indicam o quanto a injúria homofóbica está presente nas relações sociais e naturalizadas nos atos de linguagem. As afirmações explicitamente depreciativas e discriminatórias dos verbetes dos dicionários perderiam sua força analítica caso fossem equiparadas ao silenciamento e á naturalização heteronormativa que constam nos livros.
Há uma diferença significativa entre o silêncio á diversidade sexual dos livros didáticos e a enunciação homofóbica dos dicionários. A qualificação do material didático pedagógico, no entanto, permanece em grande desafio. O material didático-pedagógico, bem como os dicionários, são instrumentos constituintes da educação como política pública, devendo estar estritamente vinculados a princípios orientadores de uma