homo ludes
Introdução:
Este texto se situa na perspectiva de um estudo mais longo, sobre diversos aspectos do conceito e do fenômeno do trabalho, tal como as realidades atuais nos levam a refletir.
A hipótese subjacente a este capítulo da pesquisa proposta é a de que trabalho e jogo possam ser considerados como dimensões de um mesmo movimento, onde, se há oposição, também surge associação e complementaridade, até mesmo identificação e superposição.
À medida em que a automação torna o mundo do trabalho problemático, às vezes, quase supérfluo, os psicólogos se ocupam de uma mania que toma conta de alguns viciados em trabalho, talvez porque neste se introduza uma nova perspectiva que o aproxima do fenômeno do jogo. Ao mesmo tempo, também parece verdadeiro para a realidade chamada jogo uma transformação que a aproxima do plano da profissão e da obrigação, começando a ocorrer, por exemplo, no caso do esporte, formas novas de atividade que, sendo jogo, anteriormente do universo do lazer e do amadorismo, hoje podem ser identificadas como trabalho. De modo que para compreender bem um desses fenômenos é preciso enfocar o outro, ou seja: onde se estudar o trabalho, procede iniciar pela compreensão do jogo, e onde se tem a intenção de compreender todo o significado do fenômeno humano chamado jogo, pode-se terminar pela necessidade de revisão do conceito e consideração do mundo concreto do trabalho.
Nestas páginas, pois, como a buscar transpor o primeiro degrau de uma travessia que seria desejável tivesse a orientação de escalada na compreensão das coisas gerais humanas, iniciaremos por um percurso da concepção de jogo tal como contida no clássico estudo antropológico, de dimensão filosófica, Homo Ludens(1), de Johann Huizinga, para depois, operando um salto que esperamos razoável, abordar novos conceitos sobre o trabalho próprios da reflexão da atualidade, que propõem ao