Homem na sociedade
Às vezes é difícil situar-se no organograma das famílias modernas
| | Marcelo: no início da separação, muita falta dos filhos Marcelo e Renata,... | ...que vivem com a mãe, Gabriela,Guilherme, o marido da mãe, e o meio-irmão |
Antigamente, o desenho de uma família era simples – pai, mãe e filhos. Hoje, de cada quatro casamentos, um acaba em separação no Brasil. O número de divórcios praticamente dobrou em apenas uma década. De cada cinco bebês nascidos em 2000, um viverá em família de pais separados antes de atingir a idade adulta. Com as separações, divórcios e novos casamentos, o organograma das famílias modernas é outro, completamente diferente. Nele cabem "o marido da mamãe", "o irmão por parte de mãe", "os filhos da mulher do papai" e por aí vai, num intrincado quebra-cabeça de parentes e meios-parentes, que especialistas batizaram de "família mosaico". É natural que seja assim. Natural, mas não necessariamente tranqüilo – sobretudo para os homens.
Para o pai separado, não é nada fácil ver o seu lugar na casa ser ocupado por outro homem (no caso, o namorado ou marido da ex-mulher). Alguém que terá um convívio tão ou mais íntimo com os seus filhos. Do lado oposto, para o novo parceiro da mulher (tenha ele ou não sua própria prole), o relacionamento com as crianças dela tende, no início, a ser tenso. Não tem jeito. Por mais que ele se esforce para acolher, educar e dar carinho aos filhos da companheira, para os pequenos ele será visto como um rival. "Tanto num caso como no outro, a pressão que esses homens sofrem é muito grande", diz a psicanalista Magdalena Ramos, coordenadora do núcleo de casal e família da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "Essa é uma experiência muito nova não só para eles, mas para a sociedade em geral."
Marcelo Ackel Pinto, Gabriela Carrano e Guilherme Vicente parecem ter conseguido chegar a uma convivência pacífica. Em 1990, Marcelo, hoje com 34 anos, e