Hobsbawm: revolução à vista
Fábio Metzer | 01/05/2005 00h00
De onde surgiu a idéia de Estado-nação? E a Democracia Moderna? Noções como Liberdade, Igualdade, Pátria? Assim mesmo, tudo com letra maiúscula. Como nasceram as indústrias e de que forma elas se expandiram? Eric Hobsbawm, em A Era das Revoluções, identifica o momento-chave na história em que uma "dupla revolução" abalou as estruturas das sociedades, iniciando uma nova era, a partir dos anos 1780. Para ele, a Revolução Industrial Inglesa e a Revolução Francesa criaram um sistema de poder sem precedentes. De um lado, a Inglaterra, potência naval, expandindo seus lucros e garantindo mercado para suas indústrias lucrativas. De outro, a França, potência terrestre, com ideais revolucionários exportados para o resto do mundo. Essas revoluções não foram antagônicas, mas complementares. É verdade que os interesses franceses e ingleses, em determinado momento, degladiaram-se em guerras, mas, finalmente, entraram num acordo. Celebrado no Congresso de Viena, esse casamento inaugurou um novo mundo.
Cabeça pensante
A um observador do século 18, a Inglaterra não pareceria o lugar apropriado para abrigar uma revolução tecnológica. Franceses e alemães estavam à frente nessa ceara. Só que os britânicos, um século antes, derrubaram seu rei e criaram as condições políticas para a burguesia expandir os negócios. O campesinato inglês foi substituído pela estrutura de grandes propriedades, que firmaram a agricultura como atividade empresarial. As leis que delimitavam as propriedades agrícolas (os Enclousure Acts) permitiram grandes fazendas que funcionavam com uma dura lógica capitalista, desempregando camponeses. Ao mesmo tempo, uma nova atividade industrial tinha impacto no país: máquinas de tear surgiam nas fábricas, absorvendo a mão-de-obra vinda do campo. E, em meados do século 19, apareceram outras