Hobbes. Leviatã – Primeira parte, capítulo XIII a XV; Segunda parte, capítulo XVII
A obra Leviatã se desenrola em torno de uma busca pela ordem e pela paz, articulando argumentos que evidenciam e justificam a necessidade de um poder soberano como forma de atingir estes fins. A primeira parte do livro propõe que os homens são iguais por natureza, em corpo e espírito, podendo, como consequência, possuir as mesmas aspirações. Por corpo, Hobbes afirma que, mesmo que haja um mais fraco, este tem força suficiente para matar o mais forte, seja por meio de secreta maquinação (astúcia), ou aliando-se a outros que também se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo. Em espírito, os homens podem ser considerados iguais, pois, ainda que reconheçam que alguns possuem uma maior inteligência ou maior saber, dificilmente acreditam que haja muitos tão sábios como eles próprios, demonstrando assim estarem contentes com a parte que lhes coube.
Reconhecendo estas igualdades, se dois homens desejarem uma mesma coisa ao mesmo tempo, se tornariam inimigos e fariam tudo para destruir um ao outro. Estas disputas ocorrem principalmente pela preservação da própria espécie ou para deleite, sendo assim, um invasor não irá medir forças para privar outro não só do objeto desejado, mas da vida e liberdade. Uma vez atingido esse objetivo, o invasor passa a ser visto como um perigo em relação aos demais. Dessa maneira, Hobbes explica que os homens desconfiam uns dos outros e que a melhor forma de se garantir dessa desconfiança do ataque do invasor é pela antecipação, ou seja, subjugando seja pela força ou pela astúcia.
Na natureza do homem são destacadas três causas principais de discórdia: a competição, que leva o homem a atacar os outros em busca da obtenção de lucro; a desconfiança, relacionada à segurança; e a glória, relacionada à reputação. Em meio a esta discórdia, e sem a existência de um poder capaz de manter todos em respeito, os homens se encontram em condição de guerra: a guerra de