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Abaixo a malícia: só quem confia venceEntrevista com ALAIN PEYREFITTE
por OLAVO DE CARVALHO - Versão completa
NB - Esta entrevista saiu na revista República de julho de 1998, mas um tanto cortada para caber no espaço disponível. Por isto resolvi reproduzir aqui, por extenso, os ensinamentos que recebi, em Paris, de um dos homens mais inteligentes do mundo.
"Não existe mais que uma e uma só fórmula para fazer de um homem um homem autêntico: a fórmula que prescreve a ausência de toda fórmula.
Nossos ancestrais tinham uma bela palavra, que resumia tudo: a confiança."
Franz ROSENZWEIG
[Introdução]
A proverbial afeição dos franceses às revoluções e golpes de estado não impediu que, desse povo tão mal acomodado na ordem democrática nascessem, talvez em compensação, algumas das inteligências mais aptas a captar a essência da democracia e a diagnosticar os perigos que a ameaçam. O que não é de estranhar é que tais homens fossem tão pouco profetas em sua própria terra.
Dentre esses pregadores no deserto, o mais conhecido é Alexis de Tocqueville, o primeiro a observar, no seio da própria democracia americana nascente, a contradição até hoje irresolvida - e cada vez mais aguçada - entre igualdade e liberdade. Logo abaixo dele vem Frédéric Bastiat, pioneiro no diagnóstico da natureza voraz e tirânica do Estado moderno. Menos falado, porém altamente respeitado de quem o conhece, é Bertrand de Jouvenel, inteligência implacavelmente realista que destruiu o mito das liberdades crescentes, pondo em seu lugar a demonstração do crescimento ilimitado do poder, da distância cada vez maior entre governantes e governados.
Esses três pensadores têm em comum o pessimismo histórico, a apreensão de democratas sinceros que vêem a liberdade extinguir-se e, olhando em torno, não descobrem meios de defendê-la contra a marcha avassaladora do poder.
Mas este que vou lhes apresentar agora, se compartilha com eles o temor ante os perigos, destaca-se,