hitles
A narrativa assenta em dados verídicos e vividos na primeira pessoa. Não é uma interpretação de como poderiam ter sido os últimos momentos de um personagem. Mostram-se sim factos e situações de uma pessoa real, num espaço e num tempo bem delimitados: os últimos 10 dias de vida de Hitler no seu “bunker” de Berlim. Os espectadores tornam-se parte do filme, pois vão para o interior da “casa-forte” enterrada debaixo de terra. Aí passamos grande parte da acção, com um homem poderoso, mas reduzido a quatro paredes, encerrado num ambiente fechado, pesado, sem a noção do tempo, fora da realidade. A guerra já estava perdida para os alemães. As informações que chegavam e partiam não correspondiam à realidade. Falhas de comunicação constantes. Mas o pior eram as ordens sem sentido de Hitler. Como podia um homem tomar essas atitudes? Este é o ponto fulcral do filme: Hitler não era um extraterrestre, um monstro, mas um ser humano como outro qualquer.
Era um homem. Era simpático com as pessoas, gostava das canções de crianças, sabia ser delicado com as mulheres, agradecia um favor, brincava com os cães. Mas era capaz de tomar a decisão mais cruel e de querer mal a todo um povo. Não era capaz de ver uma solução que implicasse o reconhecimento de uma medida errada. Todos estavam enganados, ele era o único certo, como se vê num acesso de fúria ao discutir com os seus generais. Exigia-lhes uma obediência cega. E muitos dos seus homens seguiram-no até à morte. Não pensavam se o que faziam era bom ou mau, não havia pausas para reflectir. O importante era fazer, executar (nos vários significados que esta palavra possui) como se a responsabilidade individual tivesse sido hipotecada e vendida ao líder. E assim prolifera o mal.