Histórias
Érica Rodrigues (Universidade Federal do Paraná)1
Diante da indiscutível importância social da leitura, este é um assunto que motiva discussões não apenas em ambientes acadêmicos, mas que está presente na sociedade e meios de comunicação, de maneira geral. A revista Época, por exemplo, em sua edição do dia 03/04/2006, trouxe uma reportagem intitulada: “Um país que não lê” em que a jornalista Paloma Cotes apresenta alguns dados sobre a leitura no Brasil. O início do texto coloca em evidência uma situação contraditória, apesar de haver queda na taxa de analfabetismo, não houve aumento no número de leitores ou no índice de leituras:
Na última década, praticamente todas as crianças brasileiras em idade escolar foram matriculadas. A taxa de analfabetismo também recuou. (...) Mas o país ainda está alguns capítulos atrás do aceitável em termos educacionais. Dados da Câmara Brasileira do Livro mostram que, em média, cada brasileiro lê o equivalente a 1,8 livros por ano. (...) Em rankings internacionais de leitura de países ricos ou em desenvolvimento, o Brasil é lanterninha, atrás de outros latinos como Argentina e México. Um terço dos alunos brasileiros nunca pegou um livro para ler.
Até então nenhuma novidade, afinal, são comuns afirmações do tipo “o brasileiro não lê” ou que “há uma crise de leitura no país“. O que também é confirmado por dados oficiais, como a mesma reportagem da Época mostra: “Segundo o Sistema Nacional de Avaliação Básica, apenas 2,5% dos alunos do ensino médio da Região Norte têm nível adequado de leitura. No Sudeste, os resultados também são ruins. Apenas 7,6% dos alunos têm nível adequado de leitura”. Frente a esses dados nada satisfatórios, muitas são as tentativas de se tentar localizar a origem desse problema: “Um dos argumentos mais usados para justificar isso [o baixo índice de leitura]