histórias
Informações de craôs e de pessoas a eles relacionadas recolhidas por Julio
Cezar Melatti, no período de 1962 a
1971.
Brasília
2011
Algumas Informações Históricas Craôs
Prólogo
Os trechos referentes à história dos craôs e dos seus vizinhos brancos constantes de minhas anotações foram abaixo transcritos na ordem em que foram tomados.
Informações prestadas por diferentes pessoas, índios e brancos, nem sempre concordantes e mesmo sujeitas a contradições internas, pedem por algum tipo de roteiro para serem bem entendidas pelo leitor. Por isso aponto aqui algumas pessoas, lugares e acontecimentos que podem servir de pontos de referência cronológicos ou espaciais.
A não ser uma ou outra vaga referência, estas informações não alcançam mais longe que o tempo em que Frei Rafael de Taggia transferiu os craôs das vizinhanças de
Carolina, no Maranhão, para Pedro Afonso, no norte de Goiás (hoje Tocantins), nos meados do século XIX. Ele deixou um relato sobre sua missão1.
Da segunda metade do século XIX o craô mais lembrado é o Major Tito, filho de homem branco com mulher indígena. O relatório de um presidente da província de
Goiás registra, na p. 35, a visita de um grupo de craôs a sua capital, em 1873, liderado por Tito2. Chama-o de Antônio Tito, mas o primeiro nome nunca é referido pelos craôs.
Como uma das informações abaixo transcritas supõe ser Antônio Coelho o nome do pai do Major Tito, é possível que ele tivesse o primeiro nome do pai acrescentado ao seu.
Mas, conforme o costume sertanejo, deveria ser Tito Antônio e não Antônio Tito.
A aldeia que o Major Tito dirigia chamava-se Forquilha e ficava nas vizinhanças do ribeirão dos Cavalos, afluente da margem direita do Manoel Alves Pequeno. Ele tinha sua fazenda de gado em Santa Cruz, ou seja ambos os locais próximos ao lugar onde veio a surgir a atual cidade de Itacajá. Parece que Tito nasceu depois que os craôs já se tinham transferido das