História
Muito mais do que a Primeira, a guerra de 1939-1945 merece sem dúvida alguma ser chamada de mundial. Propagou-se por toda a Europa, desde o cabo Norte até a Sicília, de Brest ao Volga. Entrou pelo norte da África antes de estender-se ao Oriente Próximo e de atingir uma grande parte do Extremo Oriente e do Pacífico. As operações que ocorreram em tais teatros de guerra foram favorecidas por novos sistemas de armas que surgiram, revolucionando os recursos táticos e estratégicos. Tal como o havia idealizado Ludendorff em 1918, a guerra foi total. Mobilizou todas as forças morais e físicas dos beligerantes com a implantação de sistemas de propaganda e de economias de guerra. Finalmente, o segundo conflito mundial foi absoluto não só pela amplidão dos massacres sistemáticos, pelo emprego de meios de destruição maciços ou pela irrupção das paixões, mas também pelo seu desfecho. Contrariamente ao que parecia constituir uma tradição, a guerra não se encerrou por uma paz negociada, ou mesmo ditada, mas pela capitulação total dos vencidos. Fenômeno sem precedente na história moderna dos países civilizados. Diante desse desfecho, não se pode deixar de pensar em Clausewitz, embora com reservas. Contrariamente à crença dominante, o autor de Vom Kriege (Da guerra) não fornece nenhuma receita. Sobre a guerra controlada ou a escalada dos extremos, ele não é o apóstolo em que se acredita. Ele se esforçou em explorar as duas vias que comandam necessariamente a evolução de um conflito.1 Nessas condições, o desfecho da Segunda Guerra Mundial seria o resultado de uma derrapagem, de uma perda de rumo, do extremismo que espreita todo conflito e conduz ao engajamento total dos beligerantes? Inversamente, esse desfecho pode aparecer como o efeito de uma intenção bem enraizada, de uma ligação intencional
1
Clausewitz (Karl von), De la guerre, Éditions de Minuit, Paris, 1955. [Tradução francesa de Vom Kriege.]
A Segunda Guerra Mundial
entre o Zweck e o Ziel,