História e memória
Cléver Cardoso T. de Oliveira1
Resumo
O principal objetivo deste artigo é elucidar a concepção ontológica que Deleuze dá ao cinema, culminando em uma zona de charco entre cinema e filosofia. Para tal, faremos um comentário detalhado do primeiro capítulo de Imagem-Movimento, utilizando alguns outros textos que o tornem mais claro no auxílio deste propósito.
Palavras-chave: Bérgson; Cinema; Deleuze; Ontologia.
O primeiro capítulo de Imagem-Movimento é intitulado “Teses sobre o movimento
– Primeiro comentário a Bérgson”. Ora, à primeira vista, esse título pode ser um pouco chocante para um leitor desavisado do livro de Deleuze, que esperaria mais um trabalho de crítica cinematográfica, já que a maioria dos livros existentes sobre o cinema assim podem ser classificados. Porém, os tomos deleuzianos sobre o cinema fazem parte de um projeto filosófico, são livros de filosofia e, desse modo, não se tratam de uma vã incursão do filósofo francês em um tema estético. O propósito de Deleuze é mais complexo que uma mera aproximação entre filosofia e um campo artístico, ele trata de analisar as estruturas compositivas do cinema e, a partir delas, fazer filosofia.
Mas por que começar um livro de filosofia a partir do cinema com um capítulo dedicado a teses sobre o movimento? E, além disso, por que teses bergsonianas sobre o movimento? A resposta à primeira questão não será, por enquanto, dada de forma satisfatória, pois se explicitará no decorrer deste estudo. No entanto, uma primeira resolução a esse problema pode ser suscitada, mesmo que de forma precipitada. Ela é dada
1. Graduando em Filosofia pela Universidade de São Paulo.
Revista Anagrama – Revista Interdisciplinar da Graduação
Ano 2 - Edição 3 – Março-Maio de 2009
Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária, São Paulo, CEP: 05508-900 anagrama@usp.br OLIVEIRA, C.C.T.
DELEUZE: UMA ONTOLOGIA DO CINEMA...
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