História Oral
DESAFIOS E DILEMAS DA HISTÓRIA ORAL NOS ANOS 90: O CASO DO BRASIL Marieta de Moraes Ferreira
Como é sabido, a história oral, desde seu surgimento nos anos 50, desenvolveu- se de forma significativa nos países da Europa Ocidental e nos Estados Unidos. A realização de encontros internacionais sempre sediados na Europa e nos Estados Unidos, e a pequena participação de pesquisadores da Ásia, da África e da América Latina nesses encontros apenas confirmam o que acabo de dizer. Como é sabido, também, a história oral enraizou-se, nesses países, não apenas no meio acadêmico, mas principalmente no seio dos movimentos sociais. Seu compromisso inicial, como já se assinalou tantas vezes, foi o de "dar voz aos excluídos e marginalizados". Ora, os chamados países em desenvolvimento caracterizam-se exatamente pela exclusão das suas grandes massas trabalhadoras. Seriam um campo privilegiado para o desenvolvimento dessa história oral dos excluídos, mas a afirmação da história oral foi aí mais tardia, resultado de um processo lento e descontínuo. O que explica essas dificuldades de expansão da história oral em países que potencialmente dispunham de condições propícias ao seu desenvolvimento? Vamos tentar responder a esta pergunta tomando como referência o caso do Brasil. As primeiras experiências sistemáticas no campo da história oral no Brasil datam de 1975, a partir de cursos fornecidos por especialistas norte-americanos e mexicanos patrocinados pela Fundação Ford. Esses cursos foram ministrados na
Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, e voltavam-se para um público de professores e pesquisadores de história e ciências sociais oriundos de diferentes instituições. Pretendia-se difundir o uso da metodologia de maneira a implantar programas de história oral em diferentes