História Nativa
Prof. Vlademir Luft 2015.1 Quais são e onde estão os documentos para uma História Nativa . Os documentos dos europeus, suas cartas e seus relatos, mas com uma condição: nunca deixar de criticalos.
Muito já foi dito sobre a visão do europeu sobre o nativo, mas compreendam: isso não é história nativa. Os historiadores precisam parar de confundir sujeito histórico com objeto de estudo, estudar sobre os nativos não é construir com eles uma história, é repetir e legitimar toda a opressão que eles sofreram e sofrem nos últimos séculos.
Um exemplo disso é o livro de Tzvetan Todorov, “A Conquista da América – A questão do Outro”, o autor é um imigrante que sofreu xenofobia na França e quis estudar sobre alteridade. Em seu livro ele traz Michele de Cuneo, um europeu, fidalgo de Savona, que faz um relato sobre a sua segunda viagem:
“Quando estava na barca, capturei uma mulher caribe belíssima, que me foi dada pelo dito senhor Almirante e com quem, tendoa trazido à cabina, e estando ela nua, como é costume deles, concebi o desejo de ter prazer. Queria pôr meu desejo em execução, mas ela não quis, e tratoume com unhas de tal modo que eu teria preferido nunca ter começado. Porém, vendo isto (para contarte tudo, até o fim), pequei uma corda e amarreia bem, o que a fez lançar gritos inauditos, tu não terias acreditado em teus ouvidos. Finalmente, chegamos a um tal acordo que posso dizerte que ela parecia ter sido educada numa escola de prostitutas”
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Por mais que após esse relato, Todorov critica a posição do europeu, sua crítica não esta relacionada à visão do nativo