História esboçada da psiquiatria infantil brasileira
História esboçada da Psiquiatria Infantil Brasileira
Dando continuidade às discussões aqui postadas sobre a psiquiatria infantil, nos voltamos mais especificamente à história da psiquiatria infantil no Brasil. Retomando ligeiramente a história da infância, é relevante lembrarmos que até o século XII, a arte medieval desconhecia ou não retratava a infância, não existia nenhum sentimento diferenciado do ser criança. Até esse momento, a criança era tratada sem distinção do mundo adulto, sendo representada em obras de arte como um homem ou mulher em miniatura (ARIÈS, 1981).
Por volta do século XIII, a criança começou a ser representada com características um pouco diferentes, que foram se modificando durante os séculos XIV e XV, porém as cenas em geral não se consagravam à descrição exclusiva da infância, mas muitas vezes tinham nas crianças suas protagonistas principais ou secundárias. No século XIX, a criança não era considerada como passível de ser afetada por doenças mentais: para haver patologia, as funções mentais teriam que estar formadas – e para a ciência da época a criança ainda não as tinha!
Chegado o final do século XIX e início do século XX começaram a surgir preocupações e estudos sobre a criança, estando esse período marcado pela crença no progresso da ciência, o que resulta em muitas investigações e pesquisas (ARIÈS, 1981). Nesse momento começamos a ver de fato alguns estudos na área da psiquiatria infantil, ainda assim muito incipientes e escassos. A perspectiva “adultocêntrica”, entretanto, não foi de todo abandonada, persistindo de algum modo até hoje.
Impressiona-nos a constatação de que, nessa época, tanto a Europa quanto o Brasil eram palco de uma campanha anti-sexual, embora, como observou Foucault (1979), os discursos sexuais tenham proliferado no século XIX, num crescimento paralelo ao aumento da repressão sexual. A pedagogia médico-higienista do século XIX deu muita importância à masturbação infantil, que