SR. HUGO BIEHL (PPB/SC), Pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, um dos episódios mais dramáticos da história de Santa Catarina e do Brasil foi a Guerra do Contestado que banhou de sangue o Planalto e o Oeste de Santa Catarina na Segunda década do século passado. Guerra, sublevação, revolução – o Contestado foi um dos maiores movimentos sociais do país no início do século XX, caracterizado pelo messianismo, que refletia as transformações da região entre Santa Catarina e Paraná. Apesar de sua expressão humana, militar, política e, portanto, histórica, o Contestado continua desconhecido do País e dos próprios catarinenses. Em face disso, julgo sábia e sensata a proposição de alguns segmentos da intelectualidade catarinense no sentido de incluir essa matéria – a história da Guerra do Contestado – nas grades curriculares do ensino público e privado, fundamental, médio e superior. A região denominada “Contestado” abrangia cerca de 40.000 Km2 entre os atuais estados de Santa Catarina e Paraná, disputada por ambos, uma vez que até o início do século passado a fronteira não havia sido demarcada. As cidades desta região foram palco de um dos mais importantes movimentos sociais do país. Peço permissão para um breve registro dessa rica página da história brasileira. A região do interior de Santa Catarina e Paraná desenvolveu-se muito lentamente a partir do século XVIII, como rota de tropeiros que partiam do Rio Grande do Sul em direção à São Paulo. No século XIX algumas poucas cidades haviam se desenvolvido, principalmente por grupos provenientes do Rio Grande, após a Guerra dos Farrapos, dando origem a uma sociedade baseada no latifúndio, no apadrinhamento e na violência. Após a Proclamação da República, com a maior autonomia dos estados, desenvolveu-se o coronelismo, cada cidade possuía seu chefe local, grande proprietário, que utilizava-se de jagunços e agregados para manter e ampliar seus “currais