História das Mentalidades - Ariés
Felipe Ariés – História das Mentalidades O fato de não podermos mais interpretar, ou entender, as acontecimentos principescos do século XVI(como a contradição existente na íntima relação entre o profano e o sagrado) significa que houve uma mudança de mentalidade. “Não é que não tenhamos mais os mesmos valores, mas que os reflexos elementares não são mais os mesmos.” Lucien Febvre chama isso de “atitudes mentais”. Com a Escola da Annales surge pelo menos nas ideias, a história das mentalidades. Todos os autores ligados à Escola ou não, reconheciam agora, a história como um campo diferente daquele ao qual estivera limitada: o das atividades conscientes, voluntárias, orientadas para a decisão política, a propagação das ideias, a conduta dos homens e dos acontecimentos. Huizinga, um historiador holandês “marginal” aos Annales, dizia que tanto a beleza como a economia deveria ser considerada. Entretanto, Ariés denuncia que na primeira geração dos Annales, a história das mentalidades foi transformada em um aspecto, uma faceta de uma história mais ampla, que se chamava história social – ou ainda história econômica e social, que se pretendia total. A totalidade era obtida, portanto, na e pela economia. Na primeira geração dos Annales, de Marc Bloch e Lucien Febvre, o compartimento das mentalidades ainda não estava bem separado do da economia ou do socioeconômico. “Os dois juntos constituíam a história total, ou que pensava ser total.” Percebe-se, 50 anos depois, que essa história (econômica, da 1ª geração) também estava ligada ao psicológico. Ao estudar o salário das massas, por exemplo, repercutia na vida cotidiana de todos. “Descobre-se que eles eram observáveis e que a série contínua de seus dados numéricos permitia uma leitura não anedótica da vida cotidiana. Eis porque um vínculo íntimo aproximava, então, a história econômica da história psicológica.” A história econômica foi favorecida porque era a primeira história científica