História da África em sala de aula
A lei 10.639/2003 vigorada há onze anos é uma grande conquista do movimento social negro, onde o ensino da cultura afro-brasileira e da África na disciplina de história passou a ser componente obrigatório nos currículos escolares. Do mesmo modo que a lei 11.645/2008, a lei 10.639/2003 possibilita uma abordagem desvinculada das ideologias eurocêntricas e racistas tão enraizadas no currículo escolar, que desde sua formulação inicial já não contemplava a realidade brasileira caracterizada por uma sociedade “multicultural e pluriétinica” como afirma a historiadora e professora Mônica Lins. Tentamos com muito esforço nos desvincular de um ensino de história defasado, oriundo de um contexto histórico que buscava homogeneizar o país em busca de uma representatividade nacional. Contudo, essa mudança requer mais do que vontade, requer reconstruir um ensino de história da África e dos afro-brasileiros enraizados há séculos em um modelo estereotipado e já naturalizado por nós professores, alunos e sociedade. Segundo Mônica Lima: “ Não há como recuperar a africanidade de nossa história sem recuperar a própria história da África”, ou seja, não é possível pensar a África apenas na relação Brasil-África, como se a história dos africanos se iniciasse junto com o tráfico atlântico. Nossos alunos precisam compreender que a história africana não se resume a escravidão, precisam entender as questões religiosas e culturais por outra perspectiva que não seja a dos oprimidos e inferiorizados. Precisamos antes de tudo nos perguntar o que queremos com o ensino da cultura afro-brasileira em sala de aula? Pois, não adianta levar para os discentes apenas uma nova abordagem, compulsória e ainda fundamentada numa estrutura eurocêntrica. Não adianta abordarmos novos personagens com o enredo mais prolongado, entretanto, trabalhando com os mesmos fundamentados baseados na opressão e na força de trabalho. A história dos vencidos continuará sendo a história