HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA – DA RENASCENÇA AO SÉCULO DAS LUZES
AS REFORMAS: DEVOÇÕES COMUNITÁRIAS E PIEDADE PESSOAL
O cristianismo parece dividido entre duas tendências aparentemente inconciliáveis.
Uma religião eminentemente pessoal e uma religião coletiva, apoiada numa Igreja.
Ao ato religioso por excelência, a prece, Cristo um dia prescreve a oração individual e, dias depois parece preconizar a oração coletiva.
A aparente contradição está, pois, no próprio âmago do cristianismo.
Em seu início, a história do cristianismo é a da pequena comunidade dos doze apóstolos.
As primeiras comunidades, ou Igrejas, dão o tom e ulteriormente servirão de referência nostálgica para todos os que lamentarão o peso invasor da instituição eclesiástica.
A estrutura hierárquica da Igreja se estabelece com os bispos, chefes de Igrejas locais.
Detém a primazia o de Roma, sucessor de Pedro.
A partir do século III, cristãos ávidos de perfeição fogem para o deserto a fim de ali encontrar Deus.
Ao monasticismo primitivo dos anacoretas logo se acrescenta o dos cenobitas, que vivem em comunidade e praticam juntos os exercícios da vida ascética.
Como instituição hierarquizada, a Igreja sempre desconfiou das manifestações de devoção pessoal consideradas excessivas.
Com frequência parecia satisfazer-se com um religião coletiva.
A partir das Reformas do século XVI convém estudar o papel das Igrejas cristãs na emergência do foro íntimo e da vida privada.
As reformas concordam quanto a enfatizar a piedade pessoal, sendo a grande tarefa de todo cristão a salvação individual.
Católicos reafirmam o valor dos sete sacramentos e reforçam o papel do clero.
Os protestantes insistem na relação direta do fiel com Deus, sem, com isso excluir o papel da família e da comunidade eclesiástica.
DO LADO CATÓLICO: AS GRANDES PRÁTICAS COLETIVAS E O INDIVÍDUO
Ante os ataques dos protestantes, a Igreja pós-tridentina tende a revalorizar determinadas formas de devoção coletiva. Estas aparecem como