história da psicologia
ISTOÉ Independente
Herança maldita por Ricardo Amorim
Todo fim de ano publico um artigo sobre as perspectivas econômicas para o ano seguinte. Nos últimos quatro anos, previ que o crescimento econômico decepcionaria. Infelizmente, nos três anos que já se passaram, essas previsões se concretizaram. Em 2014, não é preciso nem esperar o fim do ano.
Terminado o primeiro trimestre, já há elementos suficientes para afirmar que haverá mais decepção em 2015.
Dois fatores que permitiram que o Brasil avançasse 2,5 vezes mais rápido entre 2004 e 2010 do que antes se esgotaram: incorporação de mão de obra e maior utilização da infraestrutura já existente.
Desde 2003, quase 20 milhões de brasileiros sem emprego passaram a trabalhar. O desemprego caiu de 12% para 5%.
Quanto à infraestrutura, dificuldades financeiras e operacionais no setor público e problemas regulatórios impediram um crescimento dos investimentos na magnitude necessária, criando um apertado gargalo para o desenvolvimento. Só poderíamos crescer como antes acelerando a produtividade, o que exigiria trabalhadores mais bem preparados e equipados. Como não investimos o bastante em educação e treinamento, nem em máquinas, a taxa média anual de expansão do PIB desde 2011 caiu para apenas 2% e em 2014 continuará nesse ritmo. Pior, há razões para crer que o crescimento vá desacelerar em 2015.
Não apenas crescemos pouco, mas bagunçamos a casa. Piorou o desempenho das contas externas e das contas públicas e a inflação subiu. Cedo ou tarde, esses desequilíbrios terão de ser corrigidos. Enquanto os ajustes forem feitos, provavelmente em 2015, nossa economia crescerá ainda menos. Para limitar a deterioração da balança comercial e tentar proteger nossa indústria dos importados, o governo desvalorizou o real, aumentou impostos sobre produtos estrangeiros, compras no Exterior e em sites de importados. Isso permitiu que a indústria nacional elevasse preços e recompusesse suas
margens.