História da psicologia
Sonia Alberti** < Artigo Anterior <
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Em 1958, Geoges Canguilhem edita um pequeno texto que era leitura obrigatória para nós, estudantes de Psicologia, no início da década de 70. É pena que esse texto esteja hoje tantas vezes esquecido dos cursos de Psicologia e é impressionante, para mim, a sua ignorância entre os alunos quando o cito eventualmente. Chama-se “O que é Psicologia?” [i][1]. Canguilhem tentava, então, um levantamento cuidadoso das várias correntes filosóficas que teriam originado as várias escolas psicológicas, procurando, naquelas, algumas semelhanças com estas. Jacques Lacan (1966, p. 874) retoma esse texto de Canguilhem no que tange a seu chiste: um dos caminhos que saía da Faculdade de Psicologia, em Paris, partia do Panteão e levava à Chefatura de Polícia. Será a isso que tende a Psicologia? A verdade é que “Os discursos de psicologia no século XIX no Brasil”, dissertação de mestrado defendida em 1981, assume para si, ao pé da letra, verificar, com Canguilhem e outros autores, para onde tende a Psicologia, só que nas origens do movimento que levou a considerar “o lugar científico da disciplina psicológica como ‘legítimo’” (DELEULE, 1969). Trata-se de uma pesquisa que verifica a história da psicologia no Brasil. O estudo tenta acompanhar o vínculo desse saber in statu nascendi com “as tendências dominantes, tanto no que diz respeito a diferentes racionalidades de uma época, quanto no que diz respeito ao jogo político, econômico e social no qual esse saber se insere ou não” (ALBERTI, 1981, p. 4). É, na realidade, no estudo dos discursos que essas tendências se mostram e onde fica visível a não unidade, impondo-se, como dizia Foucault em 1972, a “análise minuciosa das decalagens sucessivas”.
No final do século XIX, exatamente em 1900, é publicada a tese “Duração dos atos psíquicos elementares nos alienados”, inaugurando toda uma nova relação da