História da loucura no século xx
Para chegarmos à história da loucura no séc XX, é necessário antes relembrarmos que foi no séc XIX a época de maior expansão da teoria e terapêutica da “loucura”, e seus maiores colaboradores foram Pinel e Esquirol, que apresentaram uma nova concepção sobre a natureza e a causa da loucura, e foi a partir deste ponto que a psiquiatria passou a ser um método de modificação do comportamento.
Esta psicoterapia reeducadora desapropriava um território secular da medicina, que não estava preparada para trabalhar a loucura como doença, o que fez com que o “tratamento moral” proposto por eles durasse por poucas décadas, dando espaço para que o velho organicismo recuperasse suas forças na psiquiatria.
Emil Kraepelin (1855-1926), com esse espírito organicista foi o coroador da psiquiatria do séc XIX e inaugurador do séc XX, e ainda há quem o diga que se Pinel foi o clássico, Kraepelin foi o moderno. Kraepelin era psiquiatra e durante a sua carreira defendeu a tese de que as doenças de foro psiquiátrico têm origem em disfunções de ordem genética e biológicas, postulando que existe uma patologia específica do cérebro sobrejacente a cada uma das principais doenças psiquiátricas e ainda empenhou-se em categorizar e classificar doenças mentais, fez uma divisão de doenças mentais em exógenas (causadas por condições externas e consideradas curáveis) e endógenas (que tinham causas biológicas, tais como danos cerebrais, disfunções metabólicas ou fatores hereditários vistas como incuráveis).
Para Kraepelin, a psicose maníaco-depressiva e a melancolia eram consideradas doenças exógenas e portanto tratáveis, enquanto a esquizofrenia conhecida na época como demência precoce, seria endógena e portanto intratável. Distinguiu pelo menos três variedades clínicas da esquizofrenia: catatonia, em que as atividades motoras estavam perturbadas (excessivas ou inibidas), hebefrenia, caracterizada por reações e comportamentos emocionais inapropriados e a