História da Educação e da Pedagogia
Somos feitos de tempo?
A criança, a memória e o afeto: Amar o próximo e gostar da sua presença é um exercício familiar ao universo infantil. Faz parte das primeiras descobertas. O “gosto”, “não gosto”, independe do racional. É a pura expressão emocional que forma o núcleo afetivo dos primeiros anos de vida. Está ligado à identificação com o outro, a pontos comuns nos quais reside a sociabilidade, um produto natural da memória afetiva que muitas vezes é chamada de cumplicidade. É, com certeza, um dos mais lindos sentimentos humanos, resultado dos registros do ontem, do hoje e do provável vir a ser o amanhã. O amanhã é o que podemos chamar de um espaço na zona proximal. É o que separa a pessoa de um desenvolvimento que poderá ser alcançado no campo da vivência pessoal, mas ainda não foi. É o constatado em outrem, mas o não vivido pelo sujeito, no caso, a criança em formação.
Há também, o campo da memória do aconteceu comigo, ou seja, a história de vida de cada um, suas lembranças e vivências.
Refiro-me às acepções de memória, em relação às quais proponho que detenhamos os nossos olhares, neste momento. Acepções que apresento como alvo de combate.
Até onde a focalizamos como um campo subordinado, hierarquicamente inferior em relação ao lugar do qual acreditamos provir nosso conhecimento. A Ciência História ou as Ciências da Educação, de outro ângulo, na pesquisa das memórias, dialogou de fato com as tradições historiográficas e educacionais que elegemos, como temos enfocado os apagamentos dos outros, dos diferentes bem como, muitas vezes, os esquecimentos das singularidades espaço temporais.
São tendências prevalecentes na alta modernidade ancoradas na racionalidade instrumental, técnica, as quais, muitas vezes, vêm sendo naturalizadas, cristalizadas também nas práticas de produção de conhecimentos acadêmicos. São práticas totalitárias apresentadas com o estatuto e o status da cientificidade.