História da educação dos jesuítas

5838 palavras 24 páginas
A Educação na Colônia e os Jesuítas: discutindo alguns mitos

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Luiz Carlos Villalta *
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A história da educação na América Portuguesa, segundo o consenso dos historiadores, pode ser dividida em duas fases: antes e depois da expulsão dos jesuítas em 1759. Tal expulsão é um episódio das Reformas Ilustradas, promovidas pela Coroa portuguesa a partir de 1750, e constitui o marco inicial das reformas educacionais patrocinadas pelo Marquês de Pombal e continuadas após sua queda. A partir desta divisão em dois períodos, a historiografia tem chegado a algumas conclusões sobre os jesuítas e sobre as reformas educacionais, conclusões estas que, de alguma forma, implicam apresentar os jesuítas como obscurantistas e, inversamente, Pombal como um intrépido reformador, embora sublinhe-se o caráter despótico de sua governação e se façam ressalvas ao governo de Dona Maria I. Essas imagens, no entanto, parecem esconder uma complexidade e contradições que não respeitam a dicotomia jesuítas-reformistas: isto é, nem os jesuítas foram obscurantistas como se dizia, nem os Reformistas Ilustrados foram tão reformadores. O propósito deste texto é levantar questionamentos sobre o suposto obscurantismo da herança educacional jesuítica. Os Inacianos, anti-cientificistas? Até 1759, a Companhia de Jesus foi o principal agente da educação escolar, possuindo vários colégios, voltados para a formação de clérigos e leigos, sendo o colégio da Bahia o mais importante deles. Outras ordens religiosas também se dedicaram à educação escolar na colônia, como as ordens dos beneditinos, dos franciscanos e dos carmelitas, mas não alcançaram a projeção dos inacianos. Apenas os oratorianos, instalados em Olinda e, depois, em Recife, em 1683, tiveram alguma expressão1.
* Artigo publicado em: PRADO, Maria Lígia Coelho; VIDAL, Diana Gonçalves. (Org.). À Margem dos 500 Anos: reflexões irreverentes. São Paulo: Edusp, 2002, p. 171-184. ** Doutor e Mestre em História Social pela USP, professor adjunto do

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