historiografia
SOBRE O PENSAMENTO HISTÓRICO
“Foram muita numerosas, inumerosas são ainda, as sociedades sem historiografia. Mas não se conhece nenhuma, por mas rudes que sejam a sua linguagem, a sua organização, as suas técnicas e seus modos de pensar, que não possua um conhecimento do seu passado. Nenhum grupo é aminésio. Para qualquer grupo, recordar-se é existir; perder a memória é desaparecer. Não ultrapassar o homem à animalidade quando, com o auxílio das palavras, conseguiu acrescentar a sua memória insistiva, programada mesquinhamente para a ilusória eternidade da espécie, a memória cultural, única capaz de exorcizar a morte e fundar a hereditariedade dos saberes?”
(CABONELL, Charles Olivier. Historiografia. Lisboa,Teorema, tradução de Pedro Jordão, 1992, p.7).
A concepção histórica que emerge da memória coletiva é “essencialmente mítica, deformada, anacrônica, mas constitui o vivido desta relação nunca acabada entre o presente e o passado.”
(LEGOFF, Jacques. “História. In ---- História e Memória. Campinas, Editora da UNICAMP, Tradução de Irene Ferreira, 1994, p.29).
“A construção e o uso de narrativas que explicam a origem do Mundo atual com base em eventos passados não e uma exclusividade das sociedades ocidentais ou mediterrâneas nem tampouco, das chamadas altas culturas, praticamente todas as sociedades humanas ---- constroem e mantêm relatos socialmente aceitos que vinculam, por exemplo, a identidade grupal aos eventos de gênesis do Mundo, as transformações históricas aos acontecimentos naturais ou, ainda, as expectativa grupais à atuação de entes não humanos. Por meio desses relatos pretende-se, entre outras coisas, justificar a ordem social vigente e, assim, estabelecer algum tipo de controle sobre seu funcionamento e sobre suas transformações [...] Cada sociedade ou região cultural emprega suas próprias concepções para definir, selecionar e construir os episódios e personagens que compõem seus