Historiador
Claude Levi-Strauss
Quando em “O Pensamento Selvagem, Claude Lévi-Strauss, buscando compreender as semelhanças entre o pensamento de um cientista ocidental moderno e o uso medicinal de produtos naturais por povos siberianos diz:
Ora, essa exigência de ordem [da categorização de cada matéria prima extraída da natureza para um determinado fim medicinal pelo siberiano] constitui a base do pensamento que denominamos primitivo, mas unicamente pelo fato de que constitui a base de todo pensamento [também a intolerância à falta de ordenação dos seus objetos de estudo pelo cientista ocidental], pois é sob o ângulo das propriedades comuns que chegamos mais facilmente às formas de pensamento que nos parecem muito estranhas. (Lévi-Strauss, 1996, p. 25)
Reconhecemos como estranho a nos próprios, qualquer coisa que não faça parte do comum em “meu meio” (o que não vivo, portanto, não reconheço). Reafirmamos estas características nas relações com o “outro”, reforçamos o que definitivamente “não somos”, e, dessa forma, legitimamos as relações de coexistência e da necessária diversidade. Mantemos-nos em oposição para nos distinguirmos.
Lévi-Strauss busca nessas relações de estranhamento e de oposição, as raízes do funcionamento do pensamento humano similar a todos, regras universais, das quais homem algum poderia desvencilhar-se ao “ser alguém”, quem quer que seja, no mundo.
Na citação vemos o sistema de pensamento de um teórico moderno da taxionomia e o pensamento de curandeiros nativos Siberianos. Ambos possuem seus signos, seus valores, sua cultura, completamente diferentes, porém, o que fundamenta o pensamento dos dois para Claude Lévi-Strauss é o fato da busca comum pela categorização do meio através de suas “ciências”. Portanto o que a ciência faz, em um sentido, mais amplo, é a organização do mundo em categorias, buscando com isso interpretações das coisas baseadas em