Historia
Introdução
Ao tratar da temática do ensino religioso nos dias atuais, é possível remeter diretamente à definição presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei nº 9475/97), que conceitua o ensino religioso como disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. Assim, tende-se a pensar em ensino religioso como disciplina ministrada nas escolas, ou, no máximo, associa-se o ensino religioso ao ensino confessional, provido pelos colégios mantidos pelas diversas confissões religiosas.
Este artigo, porém, propõe-se analisar outra concepção de ensino religioso, vigente no Brasil do final do século XIX e início do XX, especialmente durante a
República Velha (1889 – 1930). Nessa concepção, o ensino religioso católico era pensado como a totalidade do processo educacional – formal e não formal – posto que envolvia todo um projeto de identidade social, baseado na moral e no dogma católicos.
Desse modo, não se pretende deter nos conteúdos ministrados na disciplina ensino religioso e, sim, analisar este amplo projeto de ensino religioso para a toda a sociedade brasileira, difundido a partir de uma literatura de amplo apelo e ancorado em uma rede de equipamentos escolares de inequívoca qualidade acadêmica, que atendessem às aspirações de modernização da sociedade daquele período.
Discutir educação religiosa no Brasil durante a República Velha implica, necessariamente, discutir a reorganização das bases jurídico-políticas da nação, como também implica em discutir a reorganização da projeção identitária brasileira.
A educação formal, escolar, foi, durante o período em questão, um dos principais espaços de atuação das elites políticas e intelectuais da nação, na busca pela conformação de uma identidade que eles pretendiam recriar e transmitir às futuras gerações. Desse modo, os intelectuais e as escolas católicas tiveram relevante papel no processo de difusão de uma identidade católica