Historia
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Orkutdel.icio.us
"Ganha dinheiro com café quem está longe do pé." Esse é o ditado repetido como uma maldição por gerações seguidas de cafeicultores brasileiros. É fácil entender o porquê desse desencanto. Num mercado que movimenta no planeta 70 bilhões de dólares por ano, o Brasil, o maior produtor e exportador, não embolsa mais do que 1,3 bilhão do bolo total. A receita minguada deve-se, em boa medida, à incapacidade histórica dos brasileiros de agregar valor a um produto que se tornaria um dos principais itens de exportação a partir de 1727, quando o coronel Francisco de Melo Palheta trouxe, escondidas nos bolsos das calças, as primeiras sementes de café para o Brasil -- um derradeiro presente de sua amante, a mulher do então governador da Guiana Francesa, onde vivera uma temporada. Passados quase três séculos desde então, só recentemente produtores e exportadores brasileiros de café começaram a mostrar disposição para brigar por uma fatia maior da riqueza que ajudam a movimentar no mundo. Como? Mediante um esforço conjunto para torrar, moer, criar identidade, dar nome, promover a marca e buscar novos mercados para um produto visto historicamente como uma commodity a mais embarcada nos portos brasileiros rumo às indústrias dos países consumidores.
Ali, depois de torrado e moído, o café verde -- cotado a 70 dólares a saca na Bolsa de Nova York para entrega em março -- rende 6 900 xícaras de um legítimo expresso. Em cidades como Nova York, uma xícara da bebida chega a custar 3,50 dólares. "Queremos um pouco desse dinheiro de volta para nós", diz Oswaldo Henrique Paiva Ribeiro, presidente do Conselho Nacional do Café e da Cooperativa dos Cafeicultores de Varginha. Para isso, está cuidando dos últimos detalhes de criação da Fair Trading, entidade que vai reunir até meados de junho 20 000 produtores de oito cooperativas de Minas Gerais e São Paulo. O objetivo é organizar as vendas conjuntas de cerca de 4,5 milhões de sacas e,