Historia
The end of Ancient World: a historical debate
Gilvan Ventura da Silva
Resumo: Com este artigo, pretendemos refletir sobre a maneira pela qual as transformações observadas no conhecimento histórico a partir do século XVIII proporcionaram múltiplas interpretações sobre a “queda” do Império Romano. Nesse sentido, analisamos como a mudança na concepção de tempo, a crítica às noções de progresso e decadência e a superação do paradigma positivista permitiram que a transição da Antigüidade para a Idade Média adquirisse um novo significado dentro da historiografia.
Abstract: With this article, we intend to discuss how some writers since 18th century treated the “decline” of the Roman Empire connected with their historical views.
Therefore, we analyze the emergence of a new conception of time, the refutation of progress and decadence as useful historical concepts and the dissolution of the positivist paradigm trying to show how the theme of the passage from Antiquity to Medieval Age acquired a new meaning according to these deep and important theoretical changes.
Palavras-chave: Mundo Antigo - Desagregação - Historiografia
Keywords: Ancient World - Disintegration - Historiography
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Mirabilia 01
Dec 2001/ISSN 1676-5818
Introdução
O fim do Mundo Antigo sempre representou, ao longo da História, um apaixonante tema para todos aqueles que se sentiam atraídos pela “grandeza” e “decadência” de Roma, o que não nos deve suscitar uma excessiva admiração - a expressão “fim do Mundo Antigo” não possui, no espaço desse trabalho, nenhum conteúdo pejorativo, daí que a utilizaremos com freqüência, nas páginas subseqüentes, para definir o ápice de todo um amplo conjunto de transformações que vinham se processando no interior da sociedade romana desde o século III. Estas transformações redefiniram de tal forma o perfil da
Civilização Clássica que se torna impossível negar que a Idade Média