Historia da riqueza do homem
José Paulo Netto**
Na agenda contemporânea do Serviço Social brasileiro, a "questão social" é ponto saliente, incontornável e praticamente consensual. E é por razões mais que solidas: de uma parte, está à pressão que sobre a prática profissional dos assistentes sociais exerce o fato de que corridas quase duas décadas da derrota da ditadura, a chamada dívida social, ser resgatada com a restauração democrática, foi acrescida¹; de outra, porque a continuidade do processo de renovação profissional exigiu uma atualização da formação acadêmica que, muito corretamente, está ancorando o projeto formativo na intervenção sobre a "questão social"². Entretanto, rebate ainda nesta saliência da "questão social" o renovado interesse que ela tem despertado sobre investigadores europeus - nomeadamente franceses - cuja obra influi na elaboração de pesquisadores e docentes brasileiros da área do Serviço Social. Assim, a atualidade da “questão social" se põe tanto para os assistentes sociais de campo quanto para aqueles que se ocupa, especialmente na academia, com a formação das novas gerações profissionais e com a investigação da realidade social. Mas é fato que a expressão "questão social" não é semanticamente unívoca; ao contrário registram-se em torno dela compreensões diferenciadas e atribuições de sentido muito diversas. Qualquer esforço de precisão, neste domínio, deve ser saudado - muito particularmente porque ela é utilizada. Por isto, considero extremamente oportuno que os organizadores do VII ENPESS tenham reservado um espaço para tematizar especificamente a "questão social". E, agradecendo o convite para participar deste evento, quero desde já assinalar o caráter extremamente modesto da minha intervenção que busca apenas e tão somente, oferecer algumas determinações teóricas e históricas para circunscrever o que entendo como "questão social", no marco da tradição ético-política em que