Nenhuma substância suprassensível, apresentada em distinção a este fenômeno, pode ajudar-nos em suas partes separadas finais, ou mesmo na conexão dessas partes dentro de uma totalidade. (...) Em parte alguma esses fatos da vida mental real precisam de qualquer substrato para sua interpretação, além do que é dado pelos próprios fatos. A relação entre a experiência interna, pautada pelo princípio de atualidade da mente, e a externa, organizada de acordo com os princípios das leis físicas, nos leva a outro conceito central na psicologia de Wundt, o de causalidade psíquica. Para Wundt, trata-se de um paralelismo entre conteúdos psíquicos elementares e processos físicos complexos, e não entre processos psíquicos e físicos de caráter complexo ou mesmo de elementos físicos e psíquicos (1912, p. 184-187). Dada a precedência da vida orgânica sobre os fenômenos mentais, Wundt entende que não poderia haver fenômenos psíquicos independentes de uma base física, por outro lado, isso não significaria dizer que toda complexidade da série psíquica poderia encontrar um correspondente na série física, o que significaria reduzir os fenômenos psíquicos superiores, tais como aqueles de caráter coletivo e cultural, a elementos fisiológicos. Na psicologia somente os fenômenos mentais que são diretamente acessíveis às influências físicas podem ser tomados como objetos de experimento. Nós não podemos aplicar o experimento sobre a mente propriamente, mas somente sobre suas atividades externas, os órgãos dos sentidos e movimentos que são funcionalmente relacionados aos processos mentais. Definida como ciência da experiência imediata, a psicologia científica de Wundt adotará como objeto a consciência, isto é, o recorte temporal dos processos psíquicos interconectados, constituintes da totalidade da vida mental. Em sua obra Lectures on Human and Animal Psychology (1896), ele a define como um termo útil à moderna psicologia para nomear o fato de percebermos em nós próprios representações,