SÍNTESE DO DESENVOLVIMENTO DA MECÂNICA Condensado de textos de História da Mecânica do IFUSP “A Física e a Grécia na Antiguidade” – Shozo Motoyama É na Grécia Antiga que são feitos os primeiros estudos "científicos" sobre os fenômenos da natureza. Surgem os "filósofos naturais" interessados em racionalizar o mundo sem recorrer à intervenção divina. Diferentes dos seus predecessores, os gregos eram um povo de mercadores, com um sentido espacial peculiar que faltava àqueles de atividades agrícolas sedentárias. Mais do que isso, haviam passado diretamente da barbárie para a idade do ferro, utilizando e explorando as novas possibilidades da introdução desse metal, produzindo, por exemplo, armas mais aperfeiçoadas e resistentes que aquelas de bronze usadas pelos povos préhelênicos. Do ponto de vista cultural, beneficiaram-se da invenção do alfabeto pelos fenícios, explorando-o da melhor maneira, moldando-o de modo a atender às suas necessidades. Mas, o que era esse "algo novo" dos filósofos da Jônia? Sem dúvida podemos afirmar que a inovação por eles introduzida foi a atitude, até então inusitada, de tentar explanar racionalmente a Natureza pelos próprios fenômenos naturais, sem recorrer às divindades religiosas ou sobrenaturais. Evidentemente havia diferença de filósofo para filósofo no grau dessa postura. Todavia, o que é indubitável, é a maior impessoalidade da Natureza grega em comparação com as cosmologias pré-helênicas. O filósofo jônico, via de regra, era um homem prático, inserido na aristocracia mercantil que detinha o poder político da região. Estava, por isso, interessado no desenvolvimento da técnica, fonte de sua prosperidade. Por seu turno, os problemas técnicos não são em geral de molde a serem resolvidos por atitudes místicas ou religiosas. Daí o distanciamento do jônio dos conceitos religiosos ou mágicos na sua ação no campo dos fenômenos naturais. Por outro lado, é necessário destacar o fato de existir, naquela costa egéia da Anatólia, liberdade para