Historia da arte
Charlton Heston (Michelangelo) e Rex Harrison (Júlio II) em constante diálogo e conflito. A visão sobre Michelangelo, apresentada no filme, é a de um artista em dúvida com a Igreja, com o mundo e, principalmente, consigo mesmo, ressaltando os valores humanistas em evidência à época. Por outro lado, diviniza a criação do pintor e escultor, à medida que o torna instrumento de um gênio metafísico.4 Em várias passagens do filme fica clara a subserviência de Buonarrotti à inspiração divina. Essa idéia, apresentada tanto no livro de Stone, quanto na narrativa de Carol
Reed (diretor do filme) e de Philip Dunner (roteirista) traduz mesmo uma perspectiva consagrada ao período da Renascença, ou seja, a de que os representantes deste movimento viviam momentos de dúvida e contradição face às questões centrais da existência humana e das heranças greco-romanas frequentemente buscadas pelos humanistas. Segundo E. Panofsky, o termo humanitas significava, no medievo, uma relação comparativa entre o homem e todas as criaturas que estão acima ou abaixo dele na hierarquia do cosmos. No primeiro caso, esse conceito possui um valor positivo, em contraste com a definição que coloca o homem numa relação inferior e limitada às coisas que estão acima dele.5 O Renascimento trouxe uma nova definição para o termo, cuja idéia baseia-se no ímpeto criador da mente humana. Para Marsílio Ficino, ainda sobre o conceito de humanitas à época da renascença, o homem é “a alma racional que participa do intelecto divino, mas opera em um corpo”.6 Assim, com base nessas definições é que podemos caracterizar o humanismo de Michelangelo e seu esforço criador na escultura e nos