Historia da arte
Milton Silva dos Santos**
Resumo
“O candomblé aceita o homossexualismo porque é uma religião que não tem pecado. Não interessa se você seja homem, mulher ou gay. Não importa a opção sexual. (...) Você pode ver. É uma religião de homossexuais”. É assim que um filho-de-santo responde a uma pergunta sobre a notável presença de homossexuais iniciados na religião dos orixás. Se comparadas a outras denominações hostis e indiferentes às orientações não-heterossexuais, o candomblé e outras devoções afro-brasileiras são, de fato, mais tolerantes à participação de homossexuais, permitindo-lhes ocupar todos os postos previstos na hierarquia ritual. Embora estejam entre as expressões religiosas que menos discriminam o indivíduo por razões de preferência sexual, percebemos por meio da literatura especializada e de uma pesquisa de campo, realizada na região metropolitana de São Paulo, que os candomblecistas também empregam em seus discursos argumentos ou narrativas míticas, certos princípios e valores seculares articulados à moralidade cristã e que dão sustentação à hierarquia de sexo/gênero – conforme alguns sacerdotes, as categorias homem/mulher e masculino/feminino devem corresponder às expectativas sociais esperadas para cada ser sexuado. Em virtude disso, tratar de homossexualidade nas comunidades-terreiro, ao contrário do que possa parecer, é um tema delicado, restrito e rodeado de tabus. Palavras-chave: Palavras-chave Candomblé; Gênero; Sexualidade; Homossexualidade.
Neste texto apresento alguns dados da minha dissertação de mestrado, defendida junto ao Programa de Estudos Pós-graduados em Ciências Sociais
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Texto modificado e originalmente escrito para apresentação no Seminário Internacional Fazendo Gênero 8 – Gênero, Violência e Poder (Simpósio Temático: Religião, gênero e diversidade