HISTERIA
PALAVRAS-CHAVE
Histeria – Evolução do sintoma histérico
RESUMO
A falta de um significante feminino sempre provocou nas mulheres uma incômoda sensação de falta de identidade. As histéricas da época vitoriana sofriam porque em uma sociedade neurótica obsessiva que se baseava no interdito, elas não podiam falar; as histéricas da pós-modernidade sofrem porque em uma sociedade em que tudo parece ser permitido, elas não podem ter. Afinal a questão é sempre a mesma: “O que é uma mulher?”. Na época atual, a mulher, pode posicionar-se de forma diferente em resposta aos pedidos da cultura e reencontrar-se numa especificidade, que lhe permita um brilho, não fálico, mas o brilho de uma feminilidade enfim reconhecida.
No grupo tribal primitivo, para curar a dor humana e a sua angústia, recorria-se a um saber, o do feiticeiro, que era ao mesmo tempo médico e sacerdote e se encarregava do sagrado e do profano. Com o caminhar da civilização houve uma dicotomia progressiva, mas ao mesmo tempo incompleta, desses dois aspectos do saber. De um lado o médico que se encarregava do observável, do perceptível, e do outro o sacerdote que se atinha ao revelado, místico e mítico.
“O saber mítico foi progressivamente colocado a escanteio da história. Resistiu bravamente em sua marginalidade pelas bruxas e feiticeiras e em seguida pelas histéricas. Era essencialmente o saber feminino”.
Aos poucos, com os estudos sobre os sintomas histéricos, Freud começou a apontar a incompletude do arrogante saber científico, insuficiente por si só para resolver as questões anímicas, abrindo-se assim o caminho para psicanálise.
A clínica neurológica que ele assumiu dizia algo que faltava; algo que o científico, o verificável, o demonstrável, o datável foram tornando insuficiente para explicar. Freud ficou na posição de quem, apesar de ser possuidor do saber científico, não se deixou cegar por este, e junto a Charcot e Breuer