Histeria e Hipocondria
Platero não fala nem de uma nem da outra quando aborda as lesões dos sentidos; e ao final da era clássica, Cullen as classificará ainda numa categoria que não é a das vesânias: a hipocondria, nas adinamias ou doenças que consistem numa fraqueza ou perda do movimento nas funções vitais ou animais; a histeria, entre "as afecções espasmódicas das funções naturais".
Além do mais, é raro, nos quadros nosográficos, que essas duas doenças sejam agrupadas numa vizinhança lógica, ou mesmo aproximada, sob a forma de uma oposição. A histeria é situada na classe IV (espasmos) e a hipocondria na classe VII (vesânias).
A hipocondria pertence à categoria «imaginária» das doenças mentais, a epilepsia à categoria «tônica» das doenças convulsivas. O fato de na histeria ser classificada por Willis entre as doenças da cabeça não significa, só por isso, que ele a tenha transformado numa perturbação do espírito, mas apenas que ele atribui a origem dela a uma alteração na natureza, na origem e em todo o primeiro trajeto dos espíritos animais.No entanto, ao final do século XVIII, hipocondria e histeria figurarão, quase sem problemas, no brasão da doença mental. Os médicos da época clássica bem que tentaram descobrir as qualidades próprias da histeria ou da hipocondria.
Bem depois de Ferrand, reencontramos o tema qualitativo dos calores úmidos para a caracterização das destilações secretas da histeria e da hipocondria. Quanto às paralisias, elas significam ao mesmo tempo um esfriamento e uma imobilização das fibras, "uma interrupção das vibrações", de certo modo geladas na inércia geral dos sólidos. Quanto mais a mania e a melancolia se organizam com facilidade no registro das qualidades, tanto mais dificuldade têm os fenômenos da histeria e da hipocondria para aí encontrarem seus lugares.
Diante deles, também a medicina do movimento é indecisa, e suas análises igualmente instáveis. Mesma imprecisão nas analogias químicas; para Lange, a histeria